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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Troca de e-mail com minha amiga Erica Fiod, companheira de vida há 20 anos! Parceira dos mais profundos devaneios! E das mais bobocas piadas!


oi amor,
tentei escrever algo (mais para mim do que para você) e quero compartilhar com você. O interessante é que muitas vezes "o pior de mim" é um ponto de vista, pois o que pode ser pior para mim em mim, para você, que me vê de fora, pode ser uma qualidade.

não acabei o texto ainda. É só vontade de compartilhar mesmo.

beijão,
Érica                                 

O que há de pior em mim


O pior em mim é não ter jeito de viver nesse mundo. É a falta de habilidade para lidar com questões mundanas, materias do dia a dia. O pior de mim é a insegurança, a carência, a projeção em outras pessoas daquilo que falta em mim. O pior de mim e a espera, não importando quanto tempo tenha que ser: espera para aquilo que sonhei ou que projetei, aconteça. O pior de mim é, muitas vezes, sonho. É confundir sonhos, devaneios com realidade ou, o que chamam por realidade. O pior de mim é o ajuste, a conformidade para com as coisas que, de forma alguma, eu concordo, mas que nada posso fazer a fim de modificá-las.
O pior de mim é aquilo que não consigo captar, que me escapa, escorre pelas mãos feito areia. O pior de mim é o não entendimento dos fatos, da histórias, do que está de fato ocorrendo. O pior de mim talvez seja trocar realidades por sonhos, por devaneios; embora eu muitas vezes me pergunto o que seria das crianças e se elas levassem a sério que não se pode devanear e, consequentemente, o fracasso e perigo que seria o mundo. O pior de mim é quando acontece uma história, um fato e eu o distorço todo, causando mal entendido e, consequentemente, dor. O pior de mim é o esquecimento do que se passou e acabar por cometer os mesmos erros, os mesmos julgamentos e as mesmas ações. O pior de mim é o chulé, a preguiça de escovar os dentes, de tomar banho, de lavar as mãos após a realização de minhas necessidades fisiológicas. O pior de mim é a preguiça. O start das coisas. O gostar muito de dormir e querer dormir sempre, a toda hora que vem a preguiça. O pior de mim é a raiva que fica em mim quando sou magoada por alguém. O pior de mim é o não querer a convivência das pessoas que me ofendem, que não me respeitam por completo como pessoa, que têm preconceito em relação a mim. O pior de mim talvez seja o relaxo que ás vezes tenho comigo  mesma. O pior de mim é querer viver uma realidade que não seja a minha, a ambição de ser alguém outro que não sou, achar que a vida dos outros é sempre melhor que a minha vida. O pior de mim é sempre me colocar para baixo mesmo que eu esteja certa na situação, é sentir culpa em relação a tudo e a todos, a todo momento. É achar que o problema da falta de acerto sou sempre eu, eu , eu. O pior de mim é querer enganar  a mim mesma para amenizar a dor. O pior de mim é dar tudo o que eu tenho, tudo para fazer com que alguém  se sinta bem ou melhor do que estava se sentindo. Mas o que há de pior em mim mesma é amar, amar, amar e muitas vezes, sem perceber, quebrar a cara por um amor que só existe dentro de mim.


Oi Erica!

Nossa, sua reflexão super se aproxima da minha.

O Pior de Mim aparece quando eu me coloco em crise. Quando não estou satisfeita comigo e quando sinto que não sei lidar com uma situação. O pior de mim aparece apenas para mim na maioria das vezes, quando me sinto enganada e usada, e desejo o mal do outro, mas me sentindo culpada no mesmo momento por desejar tais coisas. O pior de mim é quando não cumpro uma promessa feita a mim mesma. Por preguiça, por desistência, por fraqueza. Apenas um instante que parece destruir toda aquela caminhada organizada. O Pior de Mim também parece ativar uma força sobrehumana, um desejo profundo de destruição criativa. Muitas vezes o que me motiva a dançar é a raiva, o desgosto, a angústia. Mas saio dessa dança com o mais puro sentimento de amor e paz. Nesse sentido, o pior de mim possibilita o meu melhor. O pior de mim aparece em situações extremas, mas na maioria das vezes aparece em doses homeopáticas do meu dia a dia. O pior de mim são meus hábitos mais arraigados, aqueles que nem sei mais porque os inventei. O pior de mim vai acontecendo, eu vou percebendo, e não faço nada para mudar a condição do ruim em mim. O pior de mim eu sei, e nada faço para ir contra. Me defino e me reconheço enquanto eu na maioria das vezes pelo meu pior. Mas de onde eu julgo o meu pior? É o Outro, que me olha e do qual só sei ser através desse Outro, que só existe por que eu sou. O Pior de Mim é quando não consigo sair de um pensamento sobre mim.

Tem tanto de pior em mim... como vc me aguenta, amiga?

Love you!

Monica